Guia dos Elementos

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introdução

Este Guia foi elaborado com a finalidade de mostrar visualmente os elementos químicos e como eles estão inseridos em nosso cotidiano. Da mesma maneira que ao desejarmos visitar um lugar que não conhecemos, nos servimos de um guia, que nos mostra todas as belezas, nuances e características de um país, cidades, da localidade e de seu povo, também tentamos retratar sucintamente neste guia os elementos químicos como eles são e principalmente focando as suas aplicações atuais em nosso mundo.

Esperamos que ao folheá-lo, principalmente os jovens leitores que ainda não sabem o que é a Química e da sua importância, se despertem para conhecer esta magnífica ciência, que tem como foco o estudo do nosso mundo material. Acredito que assim como para aprendermos a ler é fundamental conhecermos as letras do alfabeto, nosso objetivo é mostrar ao jovem que é impossível aprender a Química sem conhecer seu "alfabeto", representado pela Tabela Periódica dos Elementos Químicos.

Temos a convicção que deveríamos aprender a química, iniciando pelo conhecimento dos elementos, nos familiarizando com suas propriedades e reações, e com isso este aprendizado seria natural e dedutivo, e não da forma como é ensinada atualmente como se fosse uma ciência abstrata, muito parecida com a matemática, o que não é verdadeiro. A matemática é uma ciência exata que os Químicos utilizam como ferramenta para descrever os fenômenos químicos do ponto de vista das transformações envolvendo as variações de massas de reagentes e produtos, da energia do sistema reacional e suas ligações e também para a quantificação de átomos e moléculas.



Assim, tanto a matemática como a física, são ferramentas importantes para nós relacionarmos observações químicas dentro de condições que nos propiciem prever e entender os fenômenos químicos. Independentemente, estes modelos físicos e matemáticos, sempre deverão ser confirmados pela experimentação e é neste sentido que a Química se torna complexa, pois dificilmente pode ser descrita por modelos adequados, e podemos dizer que a Química é uma ciência das exceções. Mas exceções do quê? Da tentativa excessiva de uma generalização deficiente e praticamente impossível de ser conseguida. A própria Tabela Periódica dos Elementos é a prova cabal desta tentativa de generalização e por isso os elementos não estão relacionados entre si de maneiras matematicamente calculadas e previsíveis e sim levando em conta as semelhanças de propriedades químicas e reações, o que é mais importante para o químico, do que saber as equações que regem estes comportamentos.

A Química sempre foi, é, e será uma ciência experimental e seu aprendizado é consolidado no laboratório. Qualquer tentativa de ensiná-la sem a utilização do laboratório didático é fadada ao insucesso e ao aprendizado insatisfatório e enfadonho pelo aluno. Temos visto atualmente em nosso país, principalmente no nível de 2º grau onde as primeiras noções de químicas são ministradas, uma deterioração do ensino prático de química, que se estende até as escolas de nível superior, inclusive nos cursos de licenciatura de química, o que faz perpetuar e piorar mais esta situação da qualidade do ensino de Química, sendo um retrocesso histórico para educação e formação de profissionais. Devemos nos lembrar que a nação que mais contribuiu para o progresso da Química foi a Alemanha, por mérito de Justus Von Liebig (1803-1873) que é reconhecido como aquele que introduziu o ensino prático de Química nas escolas deste país e formou uma geração de notáveis químicos alemães como August Wilhelm von Hofmann (1818 - 1892), o "Pai da Anilina" e de toda a indústria de corantes.



Reconhecemos que um importante fator da grande riqueza da Alemanha deve-se ao desenvolvimento pioneiro de importantes áreas da química como a indústria de corantes, polímeros, explosivos, farmacêutica, petroquímica, têxtil e de fertilizantes, as quais começaram com a revolução que Liebig fez no ensino desta ciência neste país. Por que não seguirmos este exemplo virtuoso e fazemos o mesmo no Brasil?

Esta é uma tarefa árdua devido a grande desigualdade no nível de ensino existente, provocada por políticas educacionais errôneas, que priorizam a quantidade de alfabetizados e não a qualidade do ensino ministrado. Por isso esta revolução no ensino da Química no Brasil, não será obra de uma única pessoa e é neste sentido que estamos dando nossa contribuição com este pequeno Guia dos Elementos Químicos, que pelo contrário não tem o propósito de substituir o conhecimento prático dos elementos químicos em um laboratório, mas sim fazer uma sinopse de como eles e seus compostos estão inseridos em nosso dia a dia.

Certamente para aqueles que sabem e conhecem a Química, as informações presentes neste guia podem ser redundantes, mas mesmo estas pessoas também irão encontrar aqui aplicações novas para os elementos, que antes lhe eram desconhecidas.

Para alguns elementos como o Ferro existem tantas aplicações que seria impossível mencioná-las, em um pequeno guia como este e para outros como, por exemplo, o Mendelévio, não existe aplicação alguma, face ao pequeno número de átomos que foram sintetizados até hoje.



Lembramos que no passado alguns elementos tiveram muitas aplicações que atualmente estão obsoletas, principalmente em decorrência de sua toxicidade ao homem e ao meio ambiente. Um destes é o Mercúrio que até o início do século XX tinha como principal aplicação a medicina, já que era considerada uma "Panacéia" porque servia para tratar quase todos os males que afligiam a humanidade. Por séculos os compostos de Mercúrio foram considerados uns dos medicamentos mais eficientes para sífilis e por isso, dizia-se: "Uma noite com Vênus leva a uma vida com Mercúrio".

Pomada oftálmica contendo Óxido de Mercúrio Amarelo (Década de 1920).
Pomada oftálmica contendo Óxido de Mercúrio Amarelo (Década de 1920).

Antiga pomada contendo calomelanos (Hg<sub>2</sub>Cl<sub>2</sub>).
Antiga pomada contendo calomelanos (Hg2Cl2) usada no tratamento de doenças venéreas como a gonorréia e blenorragia.

Atualmente o Mercúrio não é utilizado mais em medicina, mas em muitas aplicações ainda é utilizado como na industria de lâmpadas fluorescentes. Além do Mercúrio podemos citar o Chumbo que era largamente utilizado, antes da introdução dos canos de ferro e PVC, para canalização de água; o Arsênio em diversos medicamentos; o Tálio como veneno para ratos; inclusive o Tório já foi empregado em contrastes radiológicos para ingestão oral. Até elementos altamente radioativos como o Rádio descoberto por Marie e Pierre Curie, foi empregado logo após sua descoberta, em pílulas e remédios, quando não se sabia dos perigos de sua radiação emitida.



Contraste Radiológico
Contraste radiológico contendo Dióxido de Tório (ThO2). Atualmente foi substituído pelo Sulfato de Bário (BaSO4).

Remédio Solução Padrão de Rádio
Muitos que desconheciam os perigos da radiação emitida pelo Rádio tomaram remédios como este, uma solução padrão de Rádio, indicada para tratamento de reumatismos, pressão alta, anemia e nefrite. Foi comercializado entre 1915-1920 e o fabricante dizia que cada 60 ml continha duas micro-gramas de Rádio. Remédios contendo Rádio foram populares nas primeiras décadas do século 20.

Certamente o uso e desuso de aplicações para os elementos químicos e seus compostos sempre irão ocorrer e muitas aplicações importantes dos elementos no futuro também serão obsoletas e muitas outras surgirão. Neste caso podemos citar o elemento Háfnio que provavelmente substituirá o Silício ou em parte, na maioria dos chips de computadores, o que foi realizado recentemente com a geração de novos processadores mais velozes e eficientes. A evolução tecnológica é contínua e a pesquisa das propriedades dos elementos e seus compostos permitirão surgir novas aplicações em todos os campos, e por isso é a mola propulsora para o progresso da humanidade e do uso racional dos seus recursos naturais.
Neste guia, as fotografias de produtos e marcas apresentadas não são propagandas e foram escolhidas somente para mostrar didaticamente que muitos produtos conhecidos e tradicionais, utilizam os elementos e seus compostos em suas composições.



Nova geração de microprocessadores
Nova Geração de Microprocessadores contendo o elemento Háfnio.
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